1 - 3 Lázaro está doente
1 Estava, então, enfermo um certo Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta. 2 E Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com ungüento e lhe tinha enxugado os pés com os seus cabelos, cujo irmão, Lázaro, estava enfermo. 3 Mandaram-lhe, pois, suas irmãs dizer: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
O Senhor agora é rejeitado tanto por causa de suas palavras (capítulo 8) quanto por causa de suas obras (capítulo 9). Ele então separou um remanescente para si mesmo, como suas próprias ovelhas, da multidão incrédula das ovelhas do povo (capítulo 10). Ele até falou de outras ovelhas que formariam um rebanho com Suas próprias ovelhas, das quais Ele seria o pastor. Isso também significa que Seu povo está separado, Seu próprio povo, para o qual Ele veio, mas que não O aceitou.
Antes de o Senhor se retirar com Seus discípulos para o cenáculo (capítulo 13), Deus dará um testemunho novo, completo e final sobre o Senhor Jesus nos capítulos 11 e 12. Esse testemunho diz respeito à Sua filiação divina, que é revelada no poder da ressurreição (capítulo 11). Esse testemunho também diz respeito a Ele como o Filho de Davi e como o Filho do Homem (ambos no capítulo 12). Esses três testemunhos são dados publicamente e perto de Jerusalém.
O capítulo 11, assim como o capítulo 9, começa com a descrição de uma situação em que vemos as consequências do pecado. A doença é uma consequência do pecado. Mas aqui as consequências são ainda mais graves. Aqui não estamos falando apenas de doença, mas de uma doença que resulta em morte. Em contraste com o cego de nascença, o homem doente é conhecido pelo Salvador. Sabe-se também onde ele mora. Ele mora em Betânia, que é descrita com mais detalhes como a “aldeia de Maria e sua irmã Marta”. Isso não significa que as irmãs eram as responsáveis por lá, mas que era um vilarejo ao qual elas davam um esplendor especial por causa de seu amor pelo Senhor. Ele gostava de ir lá.
João menciona de passagem o ato especial de Maria para com Cristo, que só acontece no capítulo seguinte. Quem nunca teria ouvido falar disso? Seu feito seria proclamado em todo o mundo. Agora se trata do irmão dessa mulher especial.
As irmãs sabem a quem devem recorrer em suas necessidades. Elas conhecem o Senhor e Seu poder de curar. Elas se voltam para Ele com a notícia de que seu irmão está doente. Que belas palavras elas usam para expressar sua mensagem. Em primeiro lugar, não se dirigem a Ele como Jesus, mas como Senhor. Em segundo lugar, elas se dirigem a Ele porque sabem do Seu amor pelo irmão. Elas não mencionam um nome e não dizem: “Lázaro está doente”, nem dizem: “Aquele que amamos tanto está doente”, mas: “Aquele que tu amas está doente”.
Tampouco pedem ao Senhor que venha rapidamente ou que fale uma palavra de poder onde Ele está para que seu irmão fique bom. Talvez isso esteja contido na pequena palavra “eis” que elas usam. Lázaro é visível para Ele e Ele está com ele. Ele é o onipresente. Elas não exigem a cura, mas simplesmente colocam sua necessidade diante do Senhor, sabendo do Seu amor pelo irmão. Elas deixam a cargo do Senhor a resposta que Ele dará. Isso prova a grande confiança que têm Nele.
4 - 6 O motivo da doença
4 E Jesus, ouvindo isso, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela. 5 Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro. 6 Ouvindo, pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava.
Depois que o Senhor ouviu a notícia, Ele fala com total calma e certeza sobre o propósito dessa doença. Ele relaciona a doença a Deus e não à morte. Essa doença, diz Ele, é para a glória de Deus e para a glorificação do Filho de Deus. Isso não acontece porque o Senhor cura Lázaro, mas porque Ele o ressuscita dos mortos. A ressurreição revela a glória de Deus da maneira mais elevada, mais do que qualquer outra coisa, com o objetivo de glorificar o Filho de Deus. Por meio Dele e dessa forma, a legalidade do salário do pecado é cancelada. Ele mostra que a morte não tem poder sobre as ovelhas que pertencem a Ele (Joã 10:28-29; Rom 8:37-38).
Antes de o Senhor agir, João fala sobre o amor do Senhor pelas irmãs e pelo irmão delas. Ele não passa imediatamente à ação. Mas isso não é por falta de amor por eles. Isso fica ainda mais claro quando vemos que João usa o termo amor divino para designar o amor do Senhor Jesus por essa família, enquanto as irmãs falaram com Ele sobre Seu amor amigável por Lázaro.
Também é bonito ver como o Espírito de Deus leva João a mencionar os objetos do amor do Senhor de uma maneira especial. É impressionante que Marta seja mencionada aqui pelo nome como sendo amada por Ele, mesmo antes de sua irmã Maria. Isso enfatiza Seu amor especial, que Ele também tinha por Marta, pois poderíamos pensar que Ele não a amava tanto quanto a Maria (ver Luc 10:38-42). O Salvador não é limitado em Seu amor por preconceitos, como muitas vezes acontece conosco.
Quando soube da doença de Lázaro, Ele não partiu imediatamente. Outra pessoa que tivesse amor por uma pessoa doente e força para curá-la teria agido imediatamente. Mas o Filho busca a glória de Deus. Entretanto, isso nunca é feito às custas do amor pelas pessoas. Ele sabe o que fará. Precisamos aprender a confiar nisso, especialmente quando se trata de coisas que parecem irreparáveis.
Como o Senhor permanece onde está por dois dias, a doença segue seu curso e leva à morte; o corpo entra em decomposição. A demora parece piorar as coisas, mas, na mão de Deus, a demora é uma oportunidade para um maior desdobramento de Sua glória (cf. Luc 8:40-56). Encontramos o motivo da demora no verso 4.
O Senhor também poderia ter dito uma palavra, como no caso do filho do oficial real (Joã 4:50) e do servo do centurião (Luc 7:7-10), mas Ele não o fez. É muito impressionante ver como, na humildade de um servo obediente, Ele deixa completamente o mal seguir seu curso até que a vontade de Seu Pai O chame para desafiar o poder de Satanás.
7 - 10 O Senhor quer voltar para a Judéia
7 Depois disso, disse aos seus discípulos: Vamos outra vez para a Judéia. 8 Disseram-lhe os discípulos: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e tornas para lá? 9 Jesus respondeu: Não há doze horas no dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10 Mas, se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
Depois de dois dias, chega o momento em que o Senhor diz aos discípulos que eles voltarão para a Judéia. Ele não diz por que estão indo para lá, mas menciona a região. Ao fazer isso, Ele quer colocar Seus discípulos à prova e ensinar-lhes novas lições.
Os discípulos estão cientes da hostilidade que os homens daquela região têm contra o Senhor. Eles se lembram muito bem de como os judeus haviam tentado apedrejá-Lo recentemente (Joã 8:59; Joã 10:31). Foi por isso que Ele se afastou dali (talvez tenha fugido aos olhos deles) para escapar de Seus assassinos. Não é um desafio do destino retornar a essa região? Eles ainda não perceberam que os inimigos não podem prejudicá-Lo enquanto o tempo do Pai ainda não tiver chegado.
O Senhor responde ao comentário questionador deles com uma instrução importante sobre o caminho a seguir. E esse caminho é claro porque o Pai o tornou conhecido. Onde a vontade do Pai é observada, é dia. A luz do dia está no lugar onde a vontade de Deus e Sua palavra são conhecidas. A vida de Cristo na Terra veio de seu relacionamento com o Pai e do conhecimento de sua vontade. Portanto, Ele sempre andou em plena luz do dia, e é por isso que nunca tropeçou.
Isso também é verdade para nós. Se seguirmos Cristo, que viveu na Terra como um exemplo para nós e que é a luz do mundo para nós, não tropeçaremos, ou seja, não tomaremos decisões erradas. No entanto, se sairmos sem ter reconhecido a vontade do Pai na Palavra de Deus, estaremos andando na noite. Então, certamente tropeçaremos, porque não teremos a luz do contato íntimo com o Pai. Somente então o caminho que devemos seguir se tornará claro para nós.
11 - 16 O destino da jornada
11 Assim falou e, depois, disse-lhes: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono. 12 Disseram, pois, os seus discípulos: Senhor, se dorme, estará salvo. 13 Mas Jesus dizia isso da sua morte; eles, porém, cuidavam que falava do repouso do sono. 14 Então, Jesus disse-lhes claramente: Lázaro está morto, 15 e folgo, por amor de vós, de que eu lá não estivesse, para que acrediteis. Mas vamos ter com ele. 16 Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
Depois desse notável ensinamento sobre o caminho que o Pai mostra, o Senhor diz a Seus discípulos por que está voltando para a Judéia. Ele faz isso de uma forma que novamente desafia os discípulos a responderem. Ele fala sobre o fato de Lázaro, “nosso amigo”, ter adormecido, mas que Ele iria acordá-lo. Com exceção de Lucas 12 (Luc 12:4) e Mateus 26 (Mat 26:50), o Senhor só usa a palavra amigo ou amigos para Seus discípulos nesse Evangelho (Joã 11:11; Joã 15:13-15).
Os discípulos novamente não entendem o que o Senhor está lhes dizendo sobre o que Ele quer fazer com Lázaro, como pode ser visto na reação deles. Assim como as irmãs, eles se dirigem a Ele como “Senhor” e dizem para Ele o que acham da situação. A partir de Suas palavras, concluem que as perspectivas de cura são favoráveis porque ele está dormindo. Se ele dormir, ficará bom. Mais uma vez, o comentário deles prova o quanto estão olhando para essa situação apenas de uma perspectiva humana.
O Senhor havia dito que essa doença era para a glória de Deus e que o Filho de Deus seria glorificado por meio dela, mas isso não foi compreendido por eles. Entretanto, o Senhor havia falado sobre a morte e não, como eles pensavam, sobre o descanso do sono. Para Ele, a morte do crente nada mais é do que o sono. Em Sua onipotência, Ele pode despertar alguém do sono tão facilmente quanto da morte.
A fim de eliminar qualquer dúvida na mente dos discípulos quanto ao verdadeiro estado de Lázaro, o Senhor lhes diz claramente que Lázaro morreu. Ele imediatamente diz que está feliz, por causa deles, por não ter estado com Lázaro durante a doença. Se Ele tivesse estado lá, Lázaro não teria morrido, porque onde Ele está, a morte nunca pode revelar seu poder. Onde Ele está, a morte deve ceder.
Se Ele estivesse lá, eles não teriam sido capazes de ver Seu glorioso poder na ressurreição, que agora verão de uma maneira especial. Isso os faria crer. A questão aqui não é que eles passariam a acreditar Nele, porque eles realmente criam Nele. No entanto, eles creriam Nele como o Filho de Deus por meio da prova de Seu poder sobre a morte.
Então o Senhor diz: “Mas vamos ter com ele”. Lázaro ainda está lá para Ele. Ele pode visitá-lo, mesmo que ele tenha morrido. Ele vai até ele para encontrá-lo. O Senhor não quer dizer o que Davi disse uma vez com relação ao filho que ele teve em fornicação com Bate-Seba e que morreu. Davi disse que iria até ele, ou seja, mesmo que ele morresse, mas que o menino não voltaria para ele (2Sam 12:23). Não, o Senhor irá ao encontro de Lázaro como alguém que está vivo, porque Ele o ressuscitará dos mortos.
Tomé decide ir com Ele. Ele incentiva seus companheiros discípulos a fazerem o mesmo. Isso mostra o amor de Tomé pelo Senhor. Está claro para ele que o Senhor deve pagar por sua viagem à Judéia com a morte. Se esse for o caso, ele está preparado para morrer com Ele. Por outro lado, Tomé mostra que não entende o que realmente move o Senhor. Ele não tem noção do objetivo para o qual o Senhor foi enviado, da vontade do Pai e do caminho que o Pai tem para Ele. Seu discurso também mostra que ele não conhece a si mesmo. Apesar de toda a sua sinceridade, quando chegar a hora, ele fugirá como todos os outros discípulos (Mat 26:56).
17 - 19 O Senhor chega a Betânia
17 Chegando, pois, Jesus, achou que já havia quatro dias que estava na sepultura. 18 (Ora, Betânia distava de Jerusalém quase quinze estádios.) 19 E muitos dos judeus tinham ido consolar a Marta e a Maria, acerca de seu irmão.
Lázaro não apenas morreu, mas também está no túmulo há quatro dias. João menciona esse fato porque ele torna o sinal da ressurreição de Lázaro ainda mais impressionante. Encontramos um acréscimo a muitos sinais para que sejam completamente convincentes. Assim, lemos sobre o vinho que se esgotou em um casamento, sobre a comida necessária para mais de cinco mil pessoas, sobre o homem paralítico que estava doente há trinta e oito anos, sobre um cego de nascença.
A aldeia fica “perto de Jerusalém”. Betânia fica na encosta leste do Monte das Oliveiras. Deus está fazendo tudo isso porque quer dar testemunho de Seu Filho nessa região. A família de Betânia deve ter tido muitos conhecidos em Jerusalém. Como judeus tementes a Deus, eles devem ter ido ao templo com frequência e encontrado muitas pessoas lá. Por isso muitas pessoas procuraram Marta e Maria para consolá-las a respeito de seu irmão. Por isso, muitos estão presentes, para que possam ser testemunhas do testemunho de Deus sobre seu Filho.
O luto por uma pessoa falecida é uma reação natural e apropriada às circunstâncias (Atos 8:2; Atos 9:39; cf. 2Crô 21:20). Essa reação se manifesta de forma diferente nos crentes e nos incrédulos, porque os incrédulos não têm esperança, mas os crentes têm (1Tes 4:13-14).
20 - 27 A conversa do Senhor com Marta
20 Ouvindo, pois, Marta que Jesus vinha, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou assentada em casa. 21 Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido. 22 Mas também, agora, sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá. 23 Disse-lhe Jesus: Teu irmão há de ressuscitar. 24 Disse-lhe Marta: Eu sei que há de ressuscitar na ressurreição do último Dia. 25 Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; 26 e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? 27 Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
Quando Marta fica sabendo que o Senhor está chegando, ela vai ao encontro Dele. Ela não tem paciência para esperar pelo Senhor. Isso pode ser devido ao seu caráter ativo. Maria não a segue em seu caminho até o Senhor, mas fica em casa. Maria espera por Ele. Ela sabe que Ele está chegando e que tem tudo em Suas mãos, e isso lhe dá paz.
Depois que Marta se aproxima do Senhor, ela expressa sua fé em Seu poder, ou seja, que seu irmão não teria morrido se Ele estivesse lá. Talvez haja um certo desapontamento em sua voz por Ele não ter vindo imediatamente quando Lhe deram a notícia da doença de Lázaro. No entanto, Marta também tem fé que Ele é capaz de realizar milagres. No entanto, ela parece estar pensando mais no futuro, na ressurreição no último dia, do que no fato de Ele realizar um milagre agora com relação a Lázaro.
Quando ela expressa sua fé nEle como o Messias que recebe tudo de Deus, o que quer que Ele peça, isso é, em última análise, uma expressão da fé limitada que ela tem nEle. O Senhor Jesus não é apenas o Messias que recebe de Deus tudo o que Ele deseja. Ele também é Deus, o Filho, que ressuscitará Lázaro em Seu próprio poder e, assim, dá um testemunho a respeito de Sua pessoa que é maior do que um testemunho sobre o Messias. Ela fala de Deus e de pedir, embora Ele seja o Filho de Deus, que não precisa pedir nada a Deus porque Ele é o Deus Filho.
No entanto, o Senhor não repreende Marta por sua falta de compreensão sobre Sua pessoa. Ele busca Seu próprio objetivo na instrução que lhe dá. Ele promete a ela que seu irmão ressuscitará. Ela responde de uma forma que deixa claro que só vê o Messias no Senhor Jesus. Ela sabe que seu irmão ressuscitará na ressurreição do último dia. A certeza com que ela expressa isso faz parte da fé do Antigo Testamento (Jó 19:26; Slm 118:17; Dan 12:2). No entanto, ela não percebe que Ele agora é capaz de ressuscitar os mortos e que provará isso em pouco tempo.
Mas primeiro o Senhor continua a ensiná-la pacientemente sobre Ele. Ele lhe dá uma revelação maravilhosa na qual mostra que Ele é a ressurreição e a vida. Assim, Ele está acima da morte e é a própria vida que a morte não pode prejudicar. A morte deve até mesmo ceder diante Dele. Portanto, quem crê nEle pode morrer fisicamente, mas viverá. Quem crê nEle o tem como sua vida (Joã 3:36). Se essa pessoa morrer, a vida que ela tem no Filho não morreu, pois é a vida eterna.
Quando Ele diz: “Eu sou a ressurreição”, isso significa que não há ressurreição sem Ele. Até mesmo os incrédulos serão ressuscitados por Seu poder para serem julgados por Ele. Ele também é vida, mas só é vida para aqueles que acreditam nEle. Aqueles que acreditam nEle recebem a vida e a possuem por toda a eternidade, mesmo quando morrem. Quem vive fisicamente e crê no Filho não morrerá na eternidade, pois possui a vida do Filho de Deus por meio da fé Nele. Quem crê no Filho possui a vida como a vida da ressurreição que triunfou sobre a morte. Para o crente, portanto, a morte física não é mais morte, mas adormecimento, como o Senhor disse sobre Lázaro (verso 11).
O Senhor pergunta a Marta se ela acredita nisso. Ele espera que ela concorde com suas palavras. Ela dá uma resposta afirmativa, uma resposta que certamente é verdadeira, mas que não é exatamente a resposta à pergunta dele. Certamente, Ele é o Cristo, o Filho de Deus, que virá ao mundo. O que Ele disse para ela, no entanto, aponta para uma glória maior. Ele veio para dar vida eterna àqueles que acreditam Nele, e isso vai muito além da glória de Seu reinado no reino de paz. Sua rejeição adia o estabelecimento desse reino no qual Ele reinará como o Cristo e como o Filho de Deus. Entretanto, nada pode impedir Sua revelação como o Filho do Pai, mas é justamente na maior resistência ou nas maiores dificuldades que Ele se torna visível da maneira mais gloriosa.
28 - 32 Maria aos pés do Senhor
28 E, dito isso, partiu e chamou em segredo a Maria, sua irmã, dizendo: O Mestre está aqui e chama-te. 29 Ela, ouvindo isso, levantou-se logo e foi ter com ele. 30 (Ainda Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.) 31 Vendo, pois, os judeus que estavam com ela em casa e a consolavam que Maria apressadamente se levantara e saíra, seguiram-na, dizendo: Vai ao sepulcro para chorar ali. 32 Tendo, pois, Maria chegado aonde Jesus estava e vendo-o, lançou-se aos seus pés, dizendo-lhe: Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.
Marta parece sentir que o que o Senhor disse está além de sua compreensão espiritual, mas que Maria tem uma noção disso. Ela ouviu coisas das palavras do Senhor que ela percebe que Maria entenderia melhor do que ela.
As palavras do Senhor parecem ser um convite para que Maria venha. Pelo menos foi assim que Marta obviamente as entendeu, porque, sem ter recebido uma ordem especial do Senhor, ela vai e chama secretamente sua irmã Maria; os outros não devem perceber. Ela faz isso com palavras que destacam o relacionamento especial entre Maria e o Senhor Jesus. Ele é o mestre que tem autoridade. Ele chama Maria para si.
O coração e os pés de Maria respondem imediatamente, assim como qualquer pessoa que viva em comunhão com o Senhor responderá imediatamente quando Ele a chamar. Parece que ela estava esperando por isso. Ela não está preocupada com sua tristeza, mas com Cristo. Como é maravilhoso esperar por Cristo nessa atitude, receber uma palavra ou um encargo Dele e então responder imediatamente.
O Senhor ainda não havia chegado à aldeia, mas ainda estava no lugar onde Marta O havia encontrado. Lá, ela tinha ouvido coisas bonitas dEle, mas Maria não estava lá. Isso não significa que ela tenha perdido a oportunidade, pois ela virá ao mesmo lugar e verá a realidade da revelação que Ele fez a Marta.
Os judeus não ouviram o que Marta disse à irmã porque ela o disse em segredo. Quando o Senhor tem uma palavra para uma pessoa, ela se destina somente a essa pessoa. Os outros não a ouvem. Os outros apenas veem o efeito. É a mesma coisa aqui. Os judeus que estão com Maria na casa e a confortam veem como Maria reage às palavras de Marta. Quando veem Maria sair, eles a seguem. Eles acham que ela está indo para o túmulo para chorar.
Mas Maria não está preocupada com um Lázaro morto, embora esteja muito triste com a morte do irmão, mas está preocupada com o Senhor Jesus. Ela não vai para o lugar da morte, mas para o lugar da vida, para Aquele que é a vida. Ela chega ao lugar onde Ele está e O vê. Ela diz as mesmas palavras que Marta e, portanto, não vai além de Marta em sua confissão de Cristo. Ela também acredita que Ele poderia ter evitado a morte de seu irmão. Mas ela diz essas palavras enquanto está prostrada a Seus pés. Ao fazer isso, ela mostra o quanto está sob a impressão de Sua glória. E ela não diz mais nada, e Ele também não diz nada a ela, o que provavelmente aconteceu quando Ele encontrou Marta.
Entre pessoas que vivem em estreita comunhão, não são necessárias muitas palavras para que se entendam. Sempre vemos Maria aos pés do Senhor. Primeiro para sua instrução e formação (Luc 10:39), depois aqui, onde ela traz sua necessidade a Ele e, finalmente, para adorá-Lo (Joã 12:3).
33 - 37 Jesus chorou
33 Jesus, pois, quando a viu chorar e também chorando os judeus que com ela vinham, moveu-se muito em espírito e perturbou-se. 34 E disse: Onde o pusestes? Disseram-lhe: Senhor, vem e vê. 35 Jesus chorou. 36 Disseram, pois, os judeus: Vede como o amava. 37 E alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também com que este não morresse?
Embora o Senhor Jesus seja a ressurreição e a vida e embora Ele saiba que em poucos instantes ressuscitará Lázaro dos mortos, Ele também sente a dor que a morte traz. Entretanto, Ele tem mais do que apenas compaixão humana pela perda de um ente querido, embora isso também seja verdade. Mais do que qualquer outra pessoa – e, na verdade, esse é apenas o caso Dele – Ele fica chocado com o poder da morte. Ele sente profundamente o poder do inimigo, que ele exerce por meio da morte, não apenas sobre Maria e os judeus, mas sobre todas as pessoas. Sua perturbação diz respeito à morte. A palavra perturbou-se refere-se ao sentimento ou à expressão de um forte desgosto.
Então, embora saiba onde Lázaro está, Ele pergunta qual é o caminho para o túmulo. Quando o Senhor Jesus faz perguntas, Ele não o faz porque precisa de informações de nós. Com Suas perguntas, Ele quer revelar o coração oculto da pessoa a quem faz as perguntas. Ele nos convida a lhe contar tudo. Podemos levá-Lo conosco em nossa tristeza. Ele quer caminhar conosco e passar por isso conosco. Sua perturbação com o poder de Satanás por meio do pecado não diminui Sua compaixão (cf. Mat 8:17). Ele nunca revela apenas poder, nem é simplesmente compaixão. Ele carrega em Seu Espírito cada caso de doença que cura, enquanto Seu poder remove a doença.
Aqui não se trata de doença, mas da devastação ainda maior que a morte causou em uma família que Ele ama. Isso não significa que Ele seja guiado por Seus sentimentos. Seus sentimentos nunca têm o controle sobre Ele, como geralmente acontece conosco. Todos os sentimentos em Cristo são perfeitos em espécie e medida, apropriados para cada ocasião. Tudo é perfeito aos olhos de Deus. Como isso é precioso para nós também. O Senhor realmente derrama lágrimas que expressam seus sentimentos mais íntimos.
Os judeus concluíram, com base em Suas lágrimas, que Ele estava sofrendo pela perda de um ente querido. O Senhor certamente amava Lázaro. Isso também é mencionado várias vezes (versos 3,5). Mas eles não têm ideia de que Ele chora por causa da morte como a terrível consequência do pecado. Ele está preocupado com a causa da morte. Ele a sente como ninguém.
Alguns outros, na verdade, não consideram o choro do Senhor justificado. Ele não poderia ter evitado a morte de Lázaro? Alguém que podia abrir os olhos do cego também poderia ter se empenhado para que Lázaro melhorasse. Podemos argumentar da mesma forma quando nos perguntamos por que o Senhor cura uma pessoa e não outra. Então, é uma questão de confiar Nele no que diz respeito à jornada que Ele faz com cada uma de Suas ovelhas. E sabemos a resposta no verso 4.
38 - 44 O Senhor chama Lázaro para fora
38 Jesus, pois, movendo-se outra vez muito em si mesmo, foi ao sepulcro; e era uma caverna e tinha uma pedra posta sobre ela. 39 Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse-lhe: Senhor, já cheira mal, porque é já de quatro dias. 40 Disse-lhe Jesus: Não te hei dito que, se creres, verás a glória de Deus? 41 Tiraram, pois, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido. 42 Eu bem sei que sempre me ouves, mas eu disse isso por causa da multidão que está ao redor, para que creiam que tu me enviaste. 43 E, tendo dito isso, clamou com grande voz: Lázaro, vem para fora. 44 E o defunto saiu, tendo as mãos e os pés ligados com faixas, e o seu rosto, envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
O Senhor não aparece como um grande espectador, parado no túmulo com a autoconfiança de um Todo-Poderoso. Ao chegar lá, Ele novamente movendo-se profundamente dentro de Si mesmo. Isso aconteceu porque Ele viu o efeito do poder da morte na dor das irmãs e de outras pessoas. Aqui Ele está na imediata presença da morte.
O túmulo fica em uma caverna cuja abertura está fechada com uma pedra. O Senhor ordena que a pedra seja removida. Ele mesmo poderia ter rolado a pedra ou, por um milagre, ter feito com que a pedra rolasse. Ele não faz isso. Vemos repetidamente que Ele nunca tira das pessoas algo que elas podem fazer sozinhas. Ele sempre usa as pessoas quando algo precisa acontecer e que elas podem fazer. Ele realiza as coisas impossíveis que as pessoas não conseguem fazer.
Marta acha que deve observar que, quando a pedra é rolada, o odor fétido do cadáver em decomposição é liberado. Ela acha que a única consequência do fato de a pedra ser removida é que todos se deparam novamente com Lázaro morto de uma forma muito desagradável. Ela se esqueceu rapidamente do que Ele disse. O Senhor amorosamente a lembra e a incentiva a crer. Essa é uma lição para nós: vamos dar ouvidos à palavra com fé. Então colheremos o fruto correspondente, que é ver a glória de Deus.
O povo obedece à ordem do Senhor e retira a pedra. Então, Ele primeiro olha para cima e agradece a Seu Pai. Ele não chama Lázaro imediatamente para fora. Primeiro, Ele mostra Sua profunda dependência do Pai, agradecendo ao Pai por tê-Lo ouvido antes mesmo de chamar Lázaro à vida.
O Senhor expressa Sua total confiança no Pai como Aquele que sempre O ouve. Ele não faz isso por si mesmo, mas por causa das multidões que estavam ao redor. O grande objetivo está sempre diante de Seus olhos: dar testemunho do Pai que O enviou e que eles acreditassem Nele. De Sua parte, o objetivo do Pai é glorificar Seu Filho. O Pai O glorificará porque Ele sempre faz o que é agradável ao Pai.
Depois de ter falado com o Pai dessa maneira aos ouvidos da multidão, Ele chama Lázaro para fora em alta voz. Nesse Evangelho, o Senhor Jesus chama várias vezes, sempre em conexão com o Evangelho como as boas novas. A primeira vez é um chamado para vir a Ele e crer Nele (Joã 7:37). Esse é o chamado do evangelho. A segunda vez é aqui, há um chamado para os mortos. Também podemos relacionar isso com o poder da voz do Senhor, que chama os espiritualmente mortos à vida (Joã 5:25). A terceira vez é um chamado final para que as pessoas creiam Nele (Joã 12:44).
Ao chamado do Senhor, o falecido se levanta. Lázaro é explicitamente chamado de “o defunto” para enfatizar o fato de que uma pessoa falecida é trazida à vida. O defunto sai porque ouviu a voz do Filho de Deus (Joã 5:25). Lázaro sai do túmulo, ainda envolto nas faixas do sepultamento e seu rosto, envolto num lenço. Tudo que lembra a morte ainda está sobre ele, mas ele mesmo está vivo.
Então o Senhor diz que Lázaro deve ser libertado de suas faixas de sepultamento e do lenço. Mais uma vez, vemos que Ele dá uma missão aos outros. Ele não apenas dá vida, mas também dá liberdade. Em termos espirituais, essa libertação é a instrução da Palavra de Deus que os mestres transmitem aos novos convertidos. Dessa forma, alguém que se converteu aprende a deixar de lado tudo o que pertence à sua antiga vida, ou seja, tudo o que pertence à morte, para que possa andar com o Senhor em liberdade.
45 - 48 Reações à ressurreição
45 Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria e que tinham visto o que Jesus fizera creram nele. 46 Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito. 47 Depois, os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho e diziam: Que faremos? Porquanto este homem faz muitos sinais. 48 Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação.
Muitos entraram em contato com Cristo por meio de Maria. É maravilhoso quando outras pessoas entram em contato com Ele por meio de nossa caminhada pessoal com o Senhor. Muitos dos judeus viram o que Ele fez e, portanto, creram Nele. Mas, como já vimos, isso não significa que eles O reconhecem como seu Salvador. É bastante óbvio que eles são atraídos a Ele por causa do milagre, como alguém que pode transformar sua miséria terrena e física em felicidade.
No entanto, há também judeus que vão até os fariseus para contar-lhes o que Ele fez. Eles também viram o milagre, mas não querem acreditar que alguém está trabalhando aqui com boas intenções para eles. Eles preferem ficar a favor dos fariseus. O relato das testemunhas faz com que os sumos sacerdotes e os fariseus tomem uma atitude. Eles convocam o sínédrio e discutem o que fazer. Eles percebem, com razão, que o Senhor realiza muitos sinais. Mas não querem aceitá-los, pois veem esses sinais como uma grande ameaça à sua posição de autoridade entre o povo.
Aqui vemos que o pedido do homem rico de enviar alguém dentre os mortos a seus irmãos para que eles pudessem crer não é justificado, mas sim a resposta de Abraão (Luc 16:30-31). Aqui está alguém que voltou da morte para a vida, mas não creram nele. Essas pessoas estão preocupadas apenas em garantir sua posição de honra e autoridade entre o povo.
Elas estão pensando: Se o deixarmos seguir seu caminho, todos crerão nele. O novo líder seria então o motivo para os romanos virem e intervirem. Isso significaria que eles perderiam seu lugar (sua posição ou talvez também o templo que lhes deu essa posição) e também seu povo. Eles falam de nosso lugar e de nossa nação. Não se pensam em Deus.
49 - 52 A profecia de Caifás
49 E Caifás, um deles, que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, 50 nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo e que não pereça toda a nação. 51 Ora, ele não disse isso de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. 52 E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos.
O líder do sinédrio é o sumo sacerdote Caifás. Este ano foi a vez dele. A mudança anual no cargo de sumo sacerdote mostra o quanto o sacerdócio se desviou das intenções originais de Deus. Enquanto eles deliberam, Caifás abre a boca e faz uma declaração sábia. Ele reconhece que os outros membros do sinédrio não sabem nada. Eles não precisam se preocupar com isso e temer que possam perder seu lugar e sua nação. É tudo muito mais simples: o inimigo deles simplesmente precisa ser morto. Se ele morrer, o problema estará resolvido. Então, eles poderão manter sua posição e nada acontecerá ao povo.
O Espírito de Deus acrescenta que essa astúcia do sumo sacerdote é uma profecia não intencional, mas não menos verdadeira, sobre a morte de Cristo. O Espírito de Deus usa a boca de Caifás para proferir uma profecia. Da mesma forma, o Espírito também usou a boca de um ímpio Balaão para proferir as grandes profecias sobre o povo (Núm 23:1-30; Núm 24:1-25). O Senhor Jesus de fato morreria pelo povo. Dessa forma, o mal que eles haviam planejado seria transformado por Deus para o bem do povo (cf. Gên 50:20).
Os planos de Deus para a morte de Seu Filho vão ainda mais longe. Ele não apenas morrerá pelo povo, mas, por meio de Sua morte, reunirá os filhos de Deus dispersos em uma unidade. Os filhos de Deus dispersos são diferentes das ovelhas judias (Joã 10:16). Essa unidade foi concretizada na igreja de Deus do Novo Testamento.
Antes da época da igreja que surgiu em Atos 2, não havia unidade de todos os crentes no mundo inteiro. A única unidade que existia era a de Israel. Essa era uma unidade nacional. Mas nem todos em Israel eram filhos de Deus. E fora de Israel também havia crentes, mas eles estavam fora das bênçãos do povo de Deus. Eles nunca formaram uma unidade. Isso só aconteceu depois que o Senhor Jesus deu sua vida, foi glorificado e enviou o Espírito Santo, que formou essa unidade. Essa unidade é baseada na morte de Cristo.
53 - 57 Ordem de prisão contra o Senhor
53 Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem. 54 Jesus, pois, já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a terra junto do deserto, para uma cidade chamada Efraim; e ali andava com os seus discípulos. 55 E estava próxima a Páscoa dos judeus, e muitos daquela região subiram a Jerusalém antes da Páscoa, para se purificarem. 56 Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá à festa? 57 Ora, os principais dos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para o prenderem.
Em sua ignorância dos planos de Deus, os líderes ímpios continuam suas deliberações. Agora está claro: Jesus deve ser morto. De agora em diante, todos os seus esforços se concentrarão nisso. É a sétima e última vez que essa intenção é mencionada.
O Senhor está totalmente ciente dos planos assassinos deles e não circula mais livremente entre os judeus. Ele não faz isso por medo, mas em nome do Pai. Ele se entregará nas mãos de Seus inimigos no momento determinado pelo Pai e não no momento que eles considerarem apropriado.
O Senhor deixa a vizinhança de Jerusalém e vai para uma região próxima ao deserto, para uma cidade chamada Efraim. O deserto é uma imagem do estado de morte em que o povo se encontra, mas Efraim significa: dupla fecundidade. Onde não se espera nenhum fruto do povo, o resultado de seu trabalho produzirá um fruto duplo, ou seja, tanto para Israel quanto para a igreja.
Seus discípulos estão com Ele durante Sua permanência nesse lugar. Embora Seus discípulos não sejam o alvo direto dos planos assassinos dos fariseus, eles compartilham as consequências do caminho do Senhor. É bom ver que eles permanecem fiéis a Ele apesar de tudo, pois estão longe de entender tudo o que o Senhor disse e fez e o ódio que isso provocou.
O tempo de voltar a Jerusalém está se aproximando. A razão para ir até lá é a Páscoa, que é novamente chamada de “Páscoa dos judeus”. Muitos do país já partiram para estar em Jerusalém a tempo de se purificar. Mas o que significam uma purificação externa e uma festa externa se Aquele que instituiu a festa e da qual Ele deveria ser o centro, é rejeitado e odiado, e até mesmo um mandado de prisão foi emitido contra Ele (verso 57)?
Como no capítulo 7 (Joã 7:11), os moradores de Jerusalém procuram o Senhor Jesus. Eles estão geograficamente no lugar certo, no templo. Ele já ensinou muitas vezes ali. Mas o templo está vazio. Por isso, espiritualmente, eles estão no lugar errado e também permanecem no escuro sobre quem Ele é. Eles conversam entre si sobre isso e não sabem quem Ele é. Eles conversam uns com os outros sobre isso e trocam opiniões, mas isso continua sendo mera curiosidade. O coração não O deseja de fato.
Os sumos sacerdotes e os fariseus estão espiritualmente muito mais distantes do Senhor e vivem em uma escuridão muito maior. Eles só se preocupam com uma coisa: a Sua morte. Eles não tentam mais capturá-Lo com astúcia por meio de espiões, mas dão a ordem de buscá-Lo (Luc 20:20). Qualquer pessoa que possa dar a mais leve indicação de Seu paradeiro deve informar imediatamente. Eles, então, darão início à ação pela qual estavam ansiosos e O prenderão.