1 - 4 Os doze discípulos
1 E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem e para curarem toda enfermidade e todo mal. 2 Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: O primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; 3 Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Lebeu, apelidado Tadeu; 4 Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
O Senhor chama “seus” doze discípulos. Eles pertencem a ele. São doze, de acordo com as doze tribos de Israel para as quais são enviados. O Senhor não só tem o poder de fazer milagres, mas também pode dar esse poder aos outros (cf. Atos 8:18-19). Ele lhes dá poder espiritual e físico para que possam prestar testemunho de maneira adequada dAquele que veio.
Eles são o poder do século futuro (Heb 6:5) no qual Satanás será preso e o homem será libertado por meio de Cristo. O que o Senhor e seus discípulos alcançaram foi, por assim dizer, pré-libertações, porque o reino da paz ainda não havia amanhecido. No entanto, essas expulsões e curas demonstraram indiscutivelmente a presença daquele que veio para estabelecer este reino.
Os discípulos são chamados aqui de apóstolos, ou seja, mensageiros. No início, eles acompanharam o Senhor como sucessores e discípulos, agora eles precedem o Senhor como seus mensageiros. Eles são arautos do rei que anunciam sua vinda.
Em seguida, os nomes dos discípulos são mencionados. Já sabemos algo sobre alguns deles e aprenderemos muito mais. Ocasionalmente, ouvimos algo dos outros e não ouvimos mais nada de um deles, apenas sabemos o seu nome. Mas o Senhor sabe o que cada um faz. Ele sozinho determina se um serviço se torna mais ou menos conhecido. Tudo o que é feito em Seu nome, Ele recompensará de acordo com a lealdade demonstrada na execução, não de acordo com o grau de notoriedade que alguém alcançou.
Irmãos também são enviados. Os laços naturais não são ignorados. É uma alegria especial servir ao Senhor com um irmão ou uma irmã. Nessa lista, Mateus se autodenomina “o publicano”. Ele não esconde suas origens, mas admite publicamente pelo que era conhecido. Judas também é mencionado. Ele não se assentará em nenhum dos doze tronos, mas também será enviado. O reino da paz ainda não amanheceu, ainda é possível que também existam falsos servos na comunidade de verdadeiros servos. Nas enumerações dos discípulos, porém, o nome de Judas é sempre mencionado por último, e é sempre adicionado “aquele que o traiu”.
5 - 10 O envio dos doze
5 Jesus enviou estes doze e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; 6 mas ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel; 7 e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. 8 Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai. 9 Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10 nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento.
No final do capítulo anterior, o Senhor instruiu os discípulos a orar para que ceifeiros fossem enviados. Aqui é mostrado que eles são a resposta à oração deles. Muitas vezes acontece que pedimos algo e o Senhor diz: Faça você mesmo!
Nos versos 5-15 se trata do envio dos doze discípulos, enquanto o Senhor estava na terra. A missão do Senhor deixa absolutamente claro que Ele se apresenta ao seu povo como o Messias, pois Ele limita a missão de seus discípulos à casa de Israel. Nisto também vemos a graça imutável do Senhor, porque Ele envia seus discípulos depois que Israel o rejeitou! E Ele mesmo os envia, que mostra que Ele é o Senhor da seara a quem devem orar.
O Senhor determina para onde ir e para onde não ir. É Ele quem determina a área do ministério deles. Seu ministério é limitado a Israel; a partir disso, pode-se ver que o evangelho não é pregado com base nesta missão para o nosso tempo. As “ovelhas perdidas” não são as ovelhas de Israel espalhadas entre os povos, nem mesmo os crentes desviados que pertencem à igreja, mas são as ovelhas espiritualmente perdidas de Israel na terra de Israel. Até onde sabemos, os discípulos nunca saíram de Israel durante a vida do Senhor Jesus.
O Senhor determina não apenas a área do ministério deles, mas também sua mensagem. Isso consiste em poucas palavras. É a mesma mensagem que João pregou (Mat 3:2) e que o próprio Senhor pregou (Mat 4:17). Isso significa que os homens ainda terão a chance de entrar no reino dos céus. Além disso, o Senhor dá aos discípulos o poder de apoiar seu sermão com sinais especiais. É assim que os homens podem ver a proximidade da vinda do Messias. Os discípulos são seus arautos.
Hoje não esperamos a vinda do Senhor Jesus para estabelecer o reino dos céus, mas sim a Sua vinda para receber a Sua igreja (1Tes 4:15-18). Também não pregamos o evangelho do reino, mas da graça de Deus. Nosso sermão também não é acompanhado por sinais milagrosos. Esses sinais faziam parte dos apóstolos e do tempo apostólico.
O mandamento do Senhor de não levar dinheiro ou qualquer recurso com eles é característico para os doze. Os discípulos também devem ser completamente dependentes dAquele que os enviou em relação às suas necessidades. Emmanuel está aqui! Os milagres são uma prova do poder de seu Mestre para o mundo. O fato de que nada lhes faltou deve ser apenas uma evidência de seus próprios corações. Esta ordem foi retirada antes que o novo ministério deles começasse após a morte do Senhor (Luc 22:35-37).
11 - 15 O campo de trabalho dos discípulos
11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. 12 E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; 13 e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz. 14 E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés. 15 Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
Aonde quer que os discípulos vão, devem examinar se alguém é digno de recebê-los. Nisso eles podem reconhecer se as marcas do verdadeiro discipulado estão lá ou não. Digno é aquele que teme a Deus e comprova acolhendo seus servos em sua casa.
Em cada casa que entram, devem adentrar com uma saudação positiva. Todo contato deve ser iniciado com uma atitude de benevolência. Então, quando o discípulo é recebido positivamente, ele deseja à casa a paz da qual ele mesmo desfruta. Mas se o anfitrião mais tarde revelar resistência, por exemplo, sob pressão de sua família, então ele se mostra indigno da presença de um discípulo do Senhor.
Eles não precisam implorar a ninguém para aceitá-los e suas palavras. Se os homens não aceitam sua palavra, tão bem anunciada, então isto se torna um claro testemunho contra eles. A mensagem é apresentada de tal forma que quem a rejeita não tem parte nela e deve ser tachado de inimigo.
Para destacar a seriedade da rejeição de seus servos, o Senhor conclui com um solene “Em verdade vos digo”. Aqueles que rejeitarem seus mensageiros passarão por um julgamento mais rigoroso do que Sodoma e Gomorra. Essas cidades pecaram gravemente contra Deus e receberam o juízo de Deus. Deus havia destruído essas cidades (Gên 19:24-25). Mesmo assim, seus pecados não eram tão graves quanto rejeitar a mensagem pregada ao seu povo em nome do Senhor Jesus. Seu povo tem uma responsabilidade muito maior, porque Deus compartilhou seus pensamentos com eles.
16 - 20 Entregues para testemunhar
16 Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. 17 Acautelai-vos, porém, dos homens, porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas; 18 e sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. 19 Mas, quando vos entregarem, não vos dê cuidado como ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma hora, vos será ministrado o que haveis de dizer. 20 Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
Do verso 16 em diante trata sobre o fim dos tempos. Ao descrever essa situação, o Senhor aponta para o remanescente no futuro. No entanto, o mesmo princípio pode ser aplicado a nós. Uma ovelha entre os lobos é a essência do desamparo contra a crueldade.
Portanto, é importante seguir o comportamento correto: ser cuidadoso, ser inteligente, mas ser sincero e sem falsidade.
O Senhor avisa seus servos sobre os perigos de seu ministério. Eles terão a mesma posição que seu mestre e devem exibir as mesmas qualidades nela: cautela e sinceridade. Essas virtudes são encontradas apenas naqueles que, pelo Espírito do Senhor, são sábios para o bem e ignoram o mal (Rom 16:19).
O maior perigo para eles são os homens, não as circunstâncias. Os discípulos do Senhor são alvo de ódio porque expõem o pecado. Principalmente os religiosos se revelarão com toda a crueldade, açoitando os discípulos, mesmo nos lugares (sinagogas) onde a lei de Deus é ensinada (cf. Atos 26:11). Mas mesmo que o homem se revele em toda a sua maldade, no final suas ações se tornarão um testemunho contra ele mesmo (Slm 76:10).
Portanto, este será um instrumento nas mãos de Deus para apresentar o evangelho do reino aos reis e governantes. O evangelho ressoará sem adaptar-se no mínimo ao mundo ou influenciar o povo de Deus por meio dos costumes ou do esplendor do mundo. Desta forma, o testemunho dos discípulos se torna ainda mais surpreendente do que quando eles fazem causa comum com os grandes homens da terra. Os eventos farão com que sua mensagem seja conhecida muito além das fronteiras de Israel.
Tudo isso virá sobre eles “por causa de mim”, ou seja, por causa de sua conexão com Ele. Mas o Senhor também tem uma palavra de encorajamento para eles. Eles não precisam se preocupar com o que responder. As palavras serão dadas para eles. Eles não terão que falar por si próprios, mas em suas palavras o Espírito de seu Pai será revelado.
Como no Sermão da Montanha, a conexão com seu Pai é apresentada aqui como a base da qualificação para seu serviço. Essa consciência dá paz e confiança. O pai está intimamente envolvido em tudo que lhes vem de encontro. Ele também é afetado.
21 - 23 Perseverança até o fim
21 E o irmão entregará à morte o irmão, e o pai, o filho; e os filhos se levantarão contra os pais e os matarão. 22 E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim será salvo. 23 Quando, pois, vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do Homem.
Sair por amor do Senhor afetará os laços familiares próximos de uma forma que revela a pior inimizade. Irmãos que muitas vezes passaram por bons e maus momentos juntos de repente se opõem um ao outro. Se um dos irmãos opta pelo Senhor Jesus, o que se reflete no fato de ele acolher um de seus discípulos, a conseqüência do outro irmão é que seu amor fraternal se transforma em ódio. Receber um discípulo do Senhor é considerado traição à família. Se um filho escolher o lado dos discípulos, o pai, que deveria proteger seu filho, o entregará à morte. Os filhos também pisarão no amor e no respeito pelos pais e os levarão à morte se se unirem aos discípulos do Senhor Jesus.
Os discípulos são odiados por levarem o nome do Senhor Jesus. Toda essa perseguição e ódio revelarão tanto os verdadeiros discípulos quanto os falsos. Um falso discípulo cairá, um verdadeiro discípulo perseverará até o fim e será salvo. Ele alcançará a salvação, ou seja, ele entrará no reino da paz. O “fim” é a vinda do Filho do Homem (verso 23), ou seja, sua segunda vinda (Mat 24:3,6,13-14) para estabelecer seu reino. João anunciou este reino, e o mesmo fez o Senhor e seus discípulos. Mas ainda não poderia ser estabelecido porque o rei e o reino anunciado com ele foram rejeitados.
Portanto, os discípulos não puderam finalmente cumprir sua missão no tempo do Senhor Jesus. Será cumprido pouco antes da segunda vinda do Senhor, com severas tribulações e perseguições. O Senhor até fala sobre o tempo da Grande Tribulação. Enquanto os então discípulos vivos estarão tão ocupados cumprindo a missão que o Senhor lhes deu durante sua vida na Terra, Ele aparecerá como o Filho do homem. Este termo “Filho do Homem” implica um poder e glória que ultrapassa a do Messias, o Filho de Davi. Como Filho de Davi, Ele governa particularmente sobre Israel, mas como Filho do Homem sobre o mundo inteiro.
O envio dos apóstolos foi assim abruptamente interrompido pela rejeição do Messias (bem como pela subsequente devastação de Jerusalém). O tempo seguinte é o da igreja. Quando a igreja for arrebatada, o envio continuará. O período provisório da igreja é deixado fora de consideração aqui. O Senhor não menciona o tempo presente da igreja e fala do envio dos apóstolos como uma missão contínua.
24 - 25 Discípulo-Mestre; Escravo-Senhor
24 Não é o discípulo mais do que o mestre, nem é o servo mais do que o seu senhor. 25 Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo ser como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto mais aos seus domésticos?
Um discípulo é um aprendiz que aprende com seu mestre como proceder em todas as áreas da vida. Ele se esforça para se tornar como seu mestre, para ser como ele em tudo. É o suficiente para um discípulo do Senhor Jesus se ele puder ser como seu Mestre. Nesta relação discípulo – mestre, tudo se resume a seguir o exemplo do mestre. A relação escravo – senhor é o escravo estar sujeito à autoridade de seu senhor e fazer o que seu senhor diz. Portanto, vemos nessas duas relações o vínculo estreito do discípulo ou escravo com o Senhor Jesus como seu Mestre e Senhor. O Senhor o une a si mesmo em sua graça.
A conseqüência disso é que o discípulo e o escravo também compartilha a sorte de seu Senhor e Mestre. Se formos seguidores fiéis do Senhor Jesus, devemos esperar que o mundo nos trate como tratou o Senhor Jesus (Joã 15:18). Não somos mais elevados do que Ele.
Como o mundo – e especialmente o mundo religioso – lidou com o Senhor Jesus, o Senhor Jesus expressa em uma terceira relação, a de um chefe de família e os membros de sua casa. O Senhor Jesus é o Senhor de sua casa, os discípulos nela são membros de sua casa. Os líderes religiosos chamavam o Senhor Jesus de “Belzebu”, que é um nome para Satanás. Agora o Senhor diz a seus discípulos que eles sofrerão ainda mais com essas blasfêmias.
26 - 31 Encorajamento
26 Portanto, não os temais, porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se. 27 O que vos digo em trevas, dizei-o em luz; e o que escutais ao ouvido, pregai- o sobre os telhados. 28 E não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei, antes, aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo. 29 Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. 30 E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. 31 Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
Tendo assim advertido Seus discípulos sobre perseguições futuras, o Senhor agora os encoraja. O primeiro incentivo é que todas as blasfêmias que se espalham contra eles serão um dia colocadas em perspectiva. Então, será revelado que não era nada além de blasfêmia. E todos os que participaram de sua disseminação, assim como todos os que neles creram, receberão o justo castigo por isso. Em alguns casos, nós também sofreremos aqui, em breve, as causas ocultas da inimizade humana. Além disso, é também um grande conforto saber que o Senhor foi o primeiro a trilhar o caminho da rejeição.
Não deveria haver espaço em nosso comportamento para blasfemar pelas costas contra as pessoas que resistem a nós. O Senhor nos dá o mandato de anunciar alta e claramente aos outros o que Ele compartilhou conosco pessoalmente.
Um segundo incentivo para não temer é o cuidado de nosso pai. Não precisamos ter medo dos homens. No máximo, eles podem matar nossos corpos; matar a alma está além de seu poder. Só Deus pode destruir corpo e alma no inferno. Ele tem o poder de fazer isso. E não estamos lidando com homens, mas com Deus. Um homem que entendeu isso corretamente foi o homem de Deus, John Knox (1514–1572). Em sua lápide está escrito: “Aqui está alguém que temia tanto a Deus que não temia ninguém”.
Para um fiel seguidor do Senhor Jesus, Deus é um pai. Sua preocupação inclui pequenos animais que quase não interessam aos homens, bem como coisas que os homens nem mesmo pensam, como a quantidade de fios de cabelo em sua cabeça. Se Deus cuida de coisas que são tão insignificantes para nós, quanto mais se estende seu cuidado para aqueles que estão ligados a seu Filho e que compartilham sua sorte terrena. Os pardais não se preocupam e os cabelos ainda menos, mas Deus cuida deles. E os discípulos são muito mais excelentes para Deus do que muitos pardais. Portanto, quando sentem a hostilidade do mundo, não precisam se preocupar, pois Deus está pensando neles.
32 - 33 Confessar ou negar
32 Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. 33 Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus
Um terceiro incentivo é a recompensa. Os discípulos do Senhor Jesus O confessam diante dos homens, apesar do ódio e da zombaria que isso acarreta. O Senhor Jesus recompensa isso confessando-os a seu Pai.
Esse reconhecimento do Senhor perante o Pai vale infinitamente mais do que a honra dos homens.
Mas quem nega o Senhor diante dos homens, o Senhor também o negará diante de seu pai. Homens que afirmam conhecê-Lo apenas com a boca, até mesmo dizem “Senhor, Senhor” para Ele (Mat 7:21), também entram em situações em que negam o Senhor. Estes também serão negados pelo Senhor, e as consequências são terríveis. Eles serão negados pelo Senhor por toda a eternidade (Mat 10:33; 7:22-23).
A negação de Pedro era um assunto diferente. Foi um ato vergonhoso: ele negou conhecer o Senhor contra o seu melhor julgamento (Mat 26:69-74). Sabemos com certeza que Pedro era crente porque ele confessou esse pecado e o Senhor o perdoou. Este pecado pode ser cometido por qualquer crente. Mas quando isso acontecer, o Senhor deve negar tal crente como Ele negou Pedro.
A partir do momento em que Pedro negou o Senhor Jesus, o Senhor disse ao Pai que Ele não conhecia Pedro. Isso não significa que Ele não ficou de olho em Pedro e o levou ao arrependimento (Luc 22:61), mas até aquele momento de arrependimento o Senhor negou conhecer Pedro diante do Pai. E essa negação do Senhor também significou uma perda de bênçãos e recompensas para Pedro, que ele teria recebido se não tivesse negado o Senhor. Portanto, a negação do Senhor tem consequências presentes e futuras.
34 - 39 Não a paz, mas a espada
34 Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; 35 porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra. 36 E, assim, os inimigos do homem serão os seus familiares. 37 Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. 38 E quem não toma a sua cruz e não segue após mim não é digno de mim. 39 Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
O Senhor não revela um futuro glorioso na terra para Seus discípulos. Ele não veio para trazer paz à terra, Ele até disse isso duas vezes. Sem dúvida, Ele havia chegado para isso originalmente. Assim foi anunciado quando ele nasceu (Luc 2:14). Mas por causa da resistência do povo, que chegou a rejeitar o Príncipe da Paz, a paz na terra ainda não pôde ser estabelecida. Só pode haver paz para aqueles que confessam seus pecados. Para eles a paz entra no coração, mas ao mesmo tempo há uma clara separação de seu ambiente descrente, que persiste no pecado. A nova vida é odiada pelos incrédulos, assim como o Senhor Jesus era odiado por eles.
A espada que causa a divisão é a causa da separação até mesmo entre parentes e companheiros de casa. Cria situações que revelam quem realmente ama o Senhor Jesus. Pela decisão que alguém toma, fica claro se seu amor pelo Senhor Jesus excede qualquer amor terreno. O Senhor Jesus não pode ficar satisfeito com o segundo lugar. Ele tem precedência sobre tudo e todos. Quem não quiser dar-lhe este lugar, mas antes dar o amor a um familiar, não é digno dele. Cristo deve ser mais precioso para os seus do que o pai, a mãe e até a sua própria vida. O último é ainda mais provável, do que o amor por nossa família, de deslocar Cristo do primado.
Também não somos dignos dele se não quisermos compartilhar a rejeição com ele. Podemos muito bem estar prontos em nossos corações para colocar Cristo em primeiro lugar, mas a confissão pública também faz parte disso. É isso que o Senhor nos apresenta ao tomar a cruz, ou seja, ao estar pronto para ocupar o lugar do desprezo no mundo. A cruz é o lugar onde Cristo morreu como o desprezado. Lá perdemos nossa própria vida, que vivemos para nós mesmos, e encontramos uma nova vida.
40 - 42 Recompensas para Seguidores
40 Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou. 41 Quem recebe um profeta na qualidade de profeta receberá galardão de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá galardão de justo. 42 E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.
Possuir a nova vida nos trouxe a uma nova sociedade. Esta nova sociedade consiste em homens que também têm uma nova vida. Ao recebê-los, nós O recebemos e com Ele o Pai. Uma bênção resulta da outra e, por fim, somos levados à fonte de todas as bênçãos.
Os discípulos são enviados como profetas. Em todo Israel eles levam a palavra de Deus. Quem não os rejeita como mensageiros de Deus, mas os aceita, receberá a mesma recompensa do profeta. O mesmo é verdade para aqueles que recebem um homem justo precisamente porque ele é um homem justo. Um homem justo aqui é aquele que vive de acordo com a palavra de Deus.
O Senhor menciona um terceiro grupo com o qual seus discípulos são comparados: “estes pequeninos”. Seus discípulos pertencem aos pouco vistosos no mundo que não desempenham nenhum papel. Quem quer que dê um refresco a tal mensageiro negligenciado precisamente porque ele é desprezado, o Senhor lhe garante (“Em verdade, vos te digo”) que ele não perderá sua recompensa. Se trata da motivação, não sobre fazer uma boa ação por compaixão ou simplesmente fazer algo bom e acreditar que Deus ficará satisfeito com isso.
Um profeta fala a palavra de Deus, um justo a vive e um pequeno revela o espírito da palavra de Deus. O mundo odeia e despreza todas as três marcas e persegue esses homens. No entanto, todas as três são de suma importância para Deus porque são as características de Seu Filho. Quando Ele vê essas características nos discípulos, Ele se lembra de Seu Filho. Todos esses discípulos serão recompensados por Ele por isso, assim como todos os que se tornarem um com esses discípulos.