1 - 6 A rejeição do Senhor Jesus em Nazaré
1 E, partindo dali, chegou à sua terra, e os seus discípulos o seguiram. 2 E, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ouvindo- o, se admiravam, dizendo: De onde lhe vêm essas coisas? E que sabedoria é esta que lhe foi dada? E como se fazem tais maravilhas por suas mãos? 3 Não é este o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas, e de Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele. 4 E Jesus lhes dizia: Não há profeta sem honra, senão na sua terra, entre os seus parentes e na sua casa. 5 E não podia fazer ali obras maravilhosas; somente curou alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos. 6 E estava admirado da incredulidade deles. E percorreu as aldeias vizinhas, ensinando.
O Senhor Jesus sai da casa de Jairo e vai para Nazaré, cidade onde cresceu e onde esteve por tanto tempo. Lá os discípulos receberão mais instruções para servos. Por isso Ele os leva consigo e eles O seguem. Este novo ensino começa com Sua rejeição. Todo servo deve esperar isso.
No sábado, Ele vai à sinagoga, o lugar onde os ensinamentos das escrituras costumam ser dados. A lei é estudada e ensinada na sinagoga, mas isso é apenas uma forma externa. O coração permanece inalterado. Para os muitos visitantes da sinagoga, a adoração significa apenas tradição com rituais. Trata-se do que os pais disseram. Podem ter sido coisas muito boas, mas na prática têm mais valor do que as Escrituras.
O Senhor vem à sinagoga pela terceira vez. No capítulo 1 vimos uma pessoa com um espírito imundo (Mar 1:23) e no capítulo 3 uma pessoa com a mão mirrada (Mar 3:1). Ambos não puderam servir devido à sua condição. Religião sem “verdade interior” (Slm 51:6) torna incapaz para servir.
Desta vez se trata de sua palavra. Ele ensina aqui na sinagoga. Seu ensino surpreende muitos que o ouvem. Eles se perguntam com espanto de onde Ele tirou todo o seu conhecimento e como Ele é tão sábio e de onde vem os milagres que Ele faz. Eles experimentam algo especial e podem descrevê-lo. No entanto, a questão permanece com quem está surpreso, sem realmente querer descobrir o mistério. Hoje em dia não é diferente.
Eles sabem exatamente quem são seus parentes. E porque Ele vem de uma família tão simples, Ele não pode ser especial para eles. Se Ele se comporta de maneira incomum, deve ser porque acredita ser algo que não é. Por isso se ofendem com Ele, o rejeitam e assim se fecham para a bênção de sua presença.
Isso mostra o quanto o Senhor vivia na terra como uma pessoa discreta. Ele apenas trabalhou como carpinteiro. Isso não correspondia aos pensamentos de pessoas que acreditam que homens santos não trabalham. Quando menino, Ele não fez milagres como os livros apócrifos sugerem. É também digno de nota que o chamam de “filho de Maria” e não filho de José, como costumam ser chamados os filhos.
Vemos aqui que até os desprezados habitantes de Nazaré se ofendem com o mais humilde Senhor de todos, que é ao mesmo tempo o mais humilde Servo de todos. Mesmo os mais desprezados da humanidade não estão livres do mesmo espírito no mundo, que cega o espírito mais inteligente. Era e é demais para carne e sangue, que o verdadeiro herdeiro do trono de Davi, seja um “carpinteiro”.
Eles o conhecem como “o carpinteiro”. Isso significa que o Senhor aprendeu e realizou esse trabalho com José. Isso revela bastante sobre o período, do qual as Escrituras silenciam, o tempo de sua vida na terra, até os 30 anos de idade, quando Ele começou a vagar pela terra. O Criador do céu e da terra passou uma parte considerável de sua vida neste mundo neste simples, mas lindo ofício diário.
O Senhor sabe que é assim que eles pensam Dele. Sua conclusão é – e isso se aplica a todos que desejam fazer a obra de Deus: alguém que leva a palavra de Deus ao ambiente imediato e aos parentes mais próximos não é valorizado ali. Um profeta leva a palavra de Deus ao coração e à consciência das pessoas. Freqüentemente, é mais provável que isso seja aceito por um estranho do que por alguém que se conhece bem.
Por causa de sua incredulidade, a mão de bênção de Deus está impedida para eles. Ele não pode fazer grandes obras lá. Ele está sempre pronto para servir, mas é restringido no exercício de seu amor onde as portas não se abrem para se expor aos efeitos desse amor. Não há terreno fértil para a obra de Deus ali. Só onde há necessidade o seu amor incansável funciona, sim, tem que funcionar ali.
Ele cura os poucos enfermos que chegam. Não é que Ele tentou fazer maravilhas e não funcionou. Não, Ele não podia fazer milagres por causa da incredulidade deles. Isso é diferente dos pregadores de hoje que tentam fazer milagres, e se eles falham, atribuem isso à falta de fé daqueles que querem experimentar o milagre.
Em Mateus 8, o Senhor se maravilha com a fé de um gentio que só tinha ouvido falar Dele (Mat 8:10). Aqui ele fica surpreso com a incredulidade de seus conterrâneos, que o viam há tanto tempo. No entanto, ele não desanima. Existem outras aldeias onde Ele deve fazer Seu trabalho. Ele deixa Nazaré para ensinar nas aldeias vizinhas. A descrença fecha a prova do amor apenas para si mesmo. O amor busca outros caminhos. O Senhor continua Sua obra em outro lugar.
7 - 13 O Senhor envia os doze
7 Chamou a si os doze, e começou a enviá-los de dois a dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, 8 e ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão um bordão; nem alforje, nem pão, nem dinheiro no cinto; 9 mas que calçassem sandálias e que não vestissem duas túnicas. 10 E dizia-lhes: Na casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali. 11 E, quando alguns vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo que haverá mais tolerância no Dia do Juízo para Sodoma e Gomorra do que para os daquela cidade. 12 E, saindo eles, pregavam ao povo que se arrependesse. 13 E expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
Em seu amor pelos pobres entre seu povo, o Senhor expande Seu ministério enviando os doze. Ele os chama primeiro. Ele os envia de sua presença. Eles não saem por iniciativa própria. Somente depois que Ele der a ordem para ir a algum lugar, eles poderão ir. Ele também lhes concede o poder necessário sobre a resistência que encontrarão. Eles são enviados aos pares para dar testemunho Dele. Ele também lhes dá poder sobre os espíritos imundos. Ele é o servo, mas também é Deus, porque dar poder só pode ser feito por meio de alguém que é Deus.
Tudo que eles precisam levar é um bordão para se apoiar enquanto caminham. O ponto de partida é confiar na proteção poderosa de quem os enviou e que nada lhes faltará. Ele é o Senhor soberano. Todas as coisas estão disponíveis para ele.
Calçar as sandálias significa que eles terão que andar muito. Para trabalhar para o Senhor, é preciso se levantar. Espiritualmente significa que para esta obra é necessário que os pés sejam calçados com a preparação do evangelho da paz (Efé 6:15). Isso significa que, para podermos fazer uma obra para o Senhor, devemos ter a paz do evangelho em nosso coração e mostrá-lo em nossa vida para que possamos transmiti-lo aonde quer que Ele nos envie.
Eles não precisam tomar nenhuma precaução adicional contra o frio. Não é necessário vestir duas túnicas. O luxo excessivo é um obstáculo ao trabalho. O serviço ao Senhor não é uma viagem de férias.
Ele dá instruções claras sobre onde ficar. Eles não devem parar em um lugar, ficar pouco tempo e logo procurar outro lugar para ficar. Tal comportamento não falaria de paz interior, mas de inquietação. Eles podem entrar em uma casa e devem ficar lá até irem para outra cidade. Eles não precisam se preocupar com acomodação. Onde o Senhor preparou um coração para recebê-los, lá eles podem ficar.
Se se revelar que em algum lugar eles não são bem-vindos e não há ouvidos para ouvir seu sermão, não devem permanecer lá. Eles devem até sacudir o pó desta cidade de seus pés para que não levem nada, nem mesmo o pó, com eles. Isso será um testemunho contra esta cidade porque eles rejeitam o evangelho que está sendo trazido para eles.
Os discípulos fazem o que o Senhor diz. Seu primeiro trabalho é chamar os homens para se converterem. Em sua pregação, eles também usam o poder que receberam para expulsar demônios. Também ungem muitos enfermos com óleo, possivelmente como remédio, mas talvez ainda mais como um ato simbólico, que expressa o valor do enfermo como homem. Na verdade, onde a unção ocorre no Novo Testamento, muitas vezes significa honrar alguém (Luc 7:38; Joã 12:3), enquanto não ungir é visto como desonra (Luc 7:46). No Velho Testamento, sacerdotes, reis e às vezes profetas eram ungidos.
O fato de os discípulos fazerem isso com os enfermos pode significar que eles, que possivelmente se desesperam da vida, serem particularmente encorajados por esse ato, porque afinal são importantes para Deus. Eles devem sentir que Deus cuida deles por meio das pessoas que os ungem. A cura que se segue é a prova disso.
14 - 16 Herodes fica inquieto
14 E ouviu isso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara notório) e disse: João, o que batizava, ressuscitou dos mortos, e por isso estas maravilhas operam nele. 15 Outros diziam: É Elias. E diziam outros: É um profeta ou como um dos profetas. 16 Herodes, porém, ouvindo isso, disse: Este é João, que mandei degolar; ressuscitou dos mortos.
A história é interrompida aqui para apresentar a reação de Herodes às obras dos discípulos, que eles fazem em nome do Senhor. Isso deixa claro em que tipo de mundo os servos, que acabam de ser enviados pelo Senhor Jesus, estão servindo. É um mundo onde as forças do mal estão no comando.
Herodes é um instrumento nas mãos de Satanás. Ele também está sob o poder de seus próprios desejos carnais. Nós vemos nele, do que o mundo é feito. Ele também tem consciência. O nome do Senhor é para uns uma bênção, mas para o outros é uma ameaça, este último é o caso de Herodes.
Quando ele ouve o nome que ficou famoso pelo trabalho dos discípulos, todo tipo de conjecturas surgem. Há pessoas que associam os milagres que o Senhor faz, com um João Batista ressuscitado. Outros, porém, acreditam que Elias veio e está trabalhando. Outros ainda dão como explicação que é simplesmente outro profeta, como já houve tantos. Todas as suposições se baseiam na imaginação dos homens que ouviram qualquer coisa, mas nunca estudaram as escrituras para ver como as coisas são.
Para Herodes, porém, é certo que o próprio João está operando. Para ele, não pode ser diferente do que, que João Batista, a quem ele decapitou, foi ressuscitado. Embora um carrasco tenha decapitado João (verso 27), Herodes sabe que ele mesmo fez isso porque era o mandante. Ele poderia silenciar João, mas não sua consciência, porque ela fala.
17 - 20 O testemunho de João
17 Porquanto o mesmo Herodes mandara prender a João e encerrá-lo manietado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão, porquanto tinha casado com ela. 18 Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito possuir a mulher de teu irmão. 19 E Herodias o espiava e queria matá-lo, mas não podia; 20 porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo; e guardava-o com segurança e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa vontade o ouvia.
Tudo começou quando Herodes mandou capturar e prender João. Ele tinha feito isso por causa de Herodias. Herodias era a esposa de seu irmão Filipe, mas Herodes a tomou e se casou com ela. No entanto, seu novo casamento não mudou o fato de que ela era “mulher de Filipe, seu irmão”. Ela era e ela ficou. João havia falado com Herodes sobre seu casamento ilícito e disse-lhe claramente que era errado.
Isso não era segundo o pensamento de Herodias. Por causa da condenação de seu casamento, João se tornou alguém, que tinha que desaparecer de sua vida. Só que ela não tinha o poder de fazer isso.
Deus garantiu que João tivesse acesso ao pátio de Herodes. Vemos aqui um exemplo da palavra que atinge a consciência mesmo nos lugares onde menos esperávamos. Também vemos aqui que o não convertido pode ouvir com admiração quando a palavra de Deus é transmitida. Ao mesmo tempo, descobrimos que mesmo que uma pessoa não se converta, sua consciência permanece atuante.
Herodes respeitava o que João dizia, até porque João vivia o que falava. Herodes o conhecia como um homem justo e santo. Com um sentimento de admiração, ele protegeu João sem fazer o que João disse, embora se dirigisse a ele e até gostasse de ouvir João. Mas o homem era prisioneiro demais de sua vida imoral e ímpia e da posição nobre que ocupava. Custava-lhe muito deixar tudo.
21 - 29 Herodes decapitou João
21 E, chegando uma ocasião favorável em que Herodes, no dia do seu aniversário, dava uma ceia aos grandes, e tribunos, e príncipes da Galiléia, 22 entrou a filha da mesma Herodias, e dançou, e agradou a Herodes e aos que estavam com ele à mesa. Disse, então, o rei à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei. 23 E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, até metade do meu reino. 24 E, saindo ela, perguntou à sua mãe: Que pedirei? E ela disse: A cabeça de João Batista. 25 E, entrando apressadamente, pediu ao rei, dizendo: Quero que, imediatamente, me dês num prato a cabeça de João Batista. 26 E o rei entristeceu-se muito; todavia, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar. 27 E, enviando logo o rei o executor, mandou que lhe trouxessem ali a cabeça de João. E ele foi e degolou-o na prisão. 28 E trouxe a cabeça num prato e deu-a à jovem, e esta a deu à sua mãe. 29 E os seus discípulos, tendo ouvido isso, foram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.
Chega o momento em que Herodes se depara com uma decisão final. Um “dia favorável” chega, isto é, um dia oportuno para o diabo. Com a permissão de Deus, o diabo dirige as circunstâncias para que vejamos em Herodes, o que acontece quando a consciência não vem à luz de Deus. Então, ele mata até mesmo a alguém que reconhece como profeta.
Temos muito pouca compreensão do poder desse adversário imundo e sutil, o diabo. É exatamente o oposto do que o Senhor opera na graça entre Seus discípulos. Ele não é o maior entre eles, mas o menor e o servo.
Por ocasião do seu próprio aniversário, Herodes oferece uma grande festa. Para fazer a festa brilhar em sua homenagem, ele convidou todos os tipos de dignitários para uma refeição. Esse banquete também inclui algo que estimula a luxúria. A filha de Herodias correspondeu de maneira brilhante a essas expectativas. A comida correspondeu às expectativas e o desempenho da dançarina pode até exceder as expectativas. Os cozinheiros não ouvem o que a jovem ouve por seu trabalho.
Em sua arrogância sem limites, Herodes diz coisas que são reservadas apenas para Deus. Herodes não age por impulso, mas está completamente envolvido em seus desejos. Então ele jura para a jovem que vai dar o que ela pedir, mesmo que seja metade de seu reino. Assuero certa vez disse a mesma coisa para uma jovem: para Ester. Mas quão diferente foi sua resposta. Em vez de pedir o reino, ela orou pela vida de seu povo (Est 7:2-3); esta jovem, por outro lado, pede a morte de uma fiel testemunha de Deus.
No princípio, a jovem não sabe o que responder à oferta de Herodes e pergunta à mãe. Há tanto tempo que ela está pensando em uma maneira de matar João, que ela não precisa de um segundo para responder. Sua filha deve pedir a cabeça de João Batista. A jovem parece ser do mesmo tipo que a mãe. Imediatamente, e mesmo com pressa, ela volta e anuncia que quer a cabeça de João Batista imediatamente.
Em um frenesi de pecaminosidade, durante uma festa, Herodes se enreda em sua própria fraqueza, a fim de conceder o desejo de uma pessoa tão má quanto ele ou ainda pior. Ele é encurralado por suas próprias palavras, e por medo de perder a honra diante de todos os convidados de alto escalão ele não revoga. Este é o fim da consciência de uma pessoa natural que não vem à luz de Deus com uma confissão de culpa. Herodes ordena algo que pode nunca ter imaginado que faria.
Mas ele está preso em seus próprios desejos e não pode voltar; ele também não quer voltar. A dança e a prevenção da perda de imagem são mais importantes para ele do que a vida do Profeta de Deus. Esse era o governante de Israel. Ele dá ordens e João é decapitado.
A cabeça do profeta é dada à menina em uma tigela e ela dá à sua mãe. A cena que dá a maior satisfação à menina e sua mãe é inimaginavelmente cruel. Que seres profundamente depravados são essas duas mulheres. Mas qualquer pessoa que vira as costas para Deus e se rebela contra ele pode cometer tais atrocidades quando os pensamentos de Deus lhe são apresentados.
Os discípulos de João prestam suas últimas homenagens a seu mestre e colocam seu corpo em uma sepultura. Lá ele estará até a ressurreição, porque o sepultamento de um crente não é o seu fim, mas aponta além da sepultura, para algo novo, o início que é a ressurreição dos mortos.
30 - 33 Os apóstolos e muitos vêm ao Senhor
30 E os apóstolos ajuntaram-se a Jesus e contaram-lhe tudo, tanto o que tinham feito como o que tinham ensinado. 31 E ele disse-lhes: Vinde vós, aqui à parte, a um lugar deserto, e repousai um pouco. Porque havia muitos que iam, e vinham, e não tinham tempo para comer. 32 E foram sós num barco para um lugar deserto. 33 E a multidão viu-os partir, e muitos os conheceram, e correram para lá, a pé, de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles, e aproximavam-se deles.
O Senhor enviou seus doze discípulos no verso 7. Aqui, eles voltam para Ele sem terem recebido uma ordem especial para fazê-lo. Eles são chamados de apóstolos. Apóstolo significa “mensageiro”. Eles voltam ao humilde servo para relatar lhe tudo o que fizeram e ensinaram. Em seu relatório, eles iniciam suas ações. Em seguida, eles dizem a Ele quais ensinamentos deram.
É bom que eles voltem ao seu Mestre para relatar a ele. Este é um exemplo para nós de que se nos foi permitido fazer algo para o Senhor, devemos relatar a Ele. Mas vamos aprender também com o exemplo dos discípulos que não devemos nos preocupar tanto com o que temos feito, mas sim com o ensino que Dele passamos. Isso pode ser feito por via oral, mas também por meio de nosso exemplo. Devemos ser capazes de compartilhar o que aprendemos com o Senhor na escola de Deus todas as semanas, porque enquanto vivermos, estaremos na escola. Quando Paulo e Barnabé fazem um relatório, eles contam tudo o que Deus havia feito a eles (Atos 14:27; 15:4).
O Senhor está muito atento a eles. Ele também sabe que eles precisam descansar um pouco depois do serviço. Muitos que vêm e vão têm desfrutado das bênçãos do ministério dos apóstolos. No entanto, eles não estavam realmente interessados no Senhor porque não ficaram. Essas experiências podem ser particularmente desanimadoras. Isso consome muita energia e o resultado parece pequeno. Sempre há uma abundância de trabalho que pode sobrecarregar eles (e a nós) que eles nem tem tempo para comer.
O Senhor não fez seus servos máquinas, que podem trabalhar indefinidamente. Ele os leva consigo para que possam estar com Ele, porque só há verdadeira paz em sua presença. Ele considera necessário que seus servos se retirem do trabalho de vez em quando, para que possam ficar a sós com Ele. Um ambiente adequado também deve ser encontrado para isso. O lugar certo não é a cidade com todo o seu barulho e agitação, mas um lugar desolado onde não há nada que estimule os sentidos, e onde se possa ser ensinado pelo Senhor em paz e sossego. Finalmente, Ele diz que eles deveriam descansar “um pouco”. O objetivo não é se retirar completamente do trabalho, mas reunir as forças necessárias com Ele, para o serviço seguinte.
Os apóstolos seguem seu conselho. Eles saem da área de trabalho de barco e do lugar onde muitos que iam e vinham para encontrar um lugar desolado para si. Mas o descanso está limitado ao repouso no barco. O povo vê o Senhor partir com seus discípulos. Eles também vêem para onde eles estão indo. O Senhor não faz com que o barco tome outro rumo, pois nunca frustra expectativas despertadas. As pessoas que querem ir a Ele se apressam tanto que chegam antes no lugar em que o barco chega na praia.
34 - 38 Dai-lhes de comer
34 E Jesus, saindo, viu uma grande multidão, e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas. 35 E, como o dia fosse já muito adiantado, os seus discípulos se aproximaram dele e lhe disseram: O lugar é deserto, e o dia está já muito adiantado; 36 despede-os, para que vão aos campos e aldeias circunvizinhas e comprem pão para si, porque não têm o que comer. 37 Ele, porém, respondendo, lhes disse: Dai-lhes vós de comer. E eles disseram-lhe: Iremos nós e compraremos duzentos dinheiros de pão para lhes darmos de comer? 38 E ele disse-lhes: Quantos pães tendes? Ide ver. E, sabendo-o eles, disseram: Cinco pães e dois peixes.
Quando o Senhor saiu do barco e viu a grande multidão, Ele não pôde evitar: ficou profundamente comovido por eles. Ele vê um grande rebanho sem pastor. Seus líderes religiosos não são pastores, mas mercenários, ladrões e salteadores. Eles não se preocupam com o rebanho, mas querem se beneficiar do rebanho (Joã 10:8,12; Eze 34:2). O Senhor, por outro lado, é o bom pastor (Joã 10:11).
Em sua misericórdia, o Senhor começa a ensinar muitas coisas à grande multidão. Acima de tudo, as pessoas necessitadas precisam de instruções saudáveis para suas mentes, ainda mais do que uma nutrição saudável para seus corpos, embora o Senhor também não se esqueça dessa necessidade.
Os discípulos são homens de seu tempo e são práticos. Eles acham que devem dizer a seu mestre que o lugar é árido e que está ficando tarde. O que lhes falta é a compaixão que Ele tem. O conselho deles é mandar a multidão embora para que eles possam comprar algo para comer. Este conselho não fala também de preocupação com as pessoas? Pode parecer, mas eles não compartilham da misericórdia do Senhor para com as multidões. Além disso, eles também não têm fé em um mestre que também possa atender às necessidades físicas. Ele poderia mandar a multidão embora depois de revigorar seus espíritos sem revigorá-los fisicamente? Eles ainda não são como Ele, mas Ele continua Seus ensinamentos. Por isso Ele os inclui.
Ele opera um milagre sem que a multidão tenha pedido. Ele responde à necessidade com “dai-lhes” (cf. 2Rei 4:42-44). Ele é sempre o doador moderado. Ele inclui seus discípulos nesta doação. Ele os ensina a dar com compaixão. É assim que Ele os prepara para o ministério. Não é apenas necessário ter força para pregar a palavra com autoridade, mas também amor.
Sua comissão faz com que os discípulos contem seu suprimento de dinheiro. Isso é tudo em que eles podem pensar. Eles pensam que quando o Senhor lhes pede algo, eles devem fazer isso com seus próprios recursos. No entanto, Ele nunca nos pede para fazer nada sem cuidar do que é necessário. A partir da resposta dos discípulos, fica claro quão pouca fé eles têm nos recursos que estão disponíveis para Ele.
A fé manifesta-se sobretudo em saber aproveitar o que está em Cristo, para ir ao encontro de uma necessidade que se apresenta num determinado momento. A fé julga que quanto maior a dificuldade, mais oferece a Cristo a oportunidade de se revelar.
Depois que Lhe dizem quanto têm, Ele não o completa para que haja dinheiro suficiente para comprar pães. Ele também poderia ter feito isso. Não, Ele pergunta a eles quantos pães eles têm, porque Ele quer que seus discípulos lhes dêem de comer. Eles têm que “verificar”. Eles precisam ver quantos pães eles têm. Depois que sabem dizem a Ele. Eles podem até afirmar que também restam dois peixes. Ele os usará também.
O Senhor gosta de usar coisas que nossa sabedoria humana desprezaria. A questão não é o que isso significa para tantas pessoas comerem dele, mas o que significa para Ele. Assim Moisés aprendeu que o Senhor pode usar o que tem (Êxo 4:2,3; cf. 1Rei 17:10-16; 2Rei 4:2-6). Pão e peixe são alimento e ambos falam do Senhor Jesus. A aplicação é sobre o que aprendemos com Ele. Às vezes, isso é feito lançando a rede e usando-a para pegar peixes, como ouvir um sermão. Isso significa apenas coletar. É necessário todo um processo para fazer pão. Da mesma forma, é muito trabalhoso aprender Dele.
39 - 44 O Senhor alimenta os cinco mil
39 E ordenou-lhes que fizessem assentar a todos, em grupos, sobre a erva verde. 40 E assentaram-se repartidos de cem em cem e de cinqüenta em cinqüenta. 41 E, tomando ele os cinco pães e os dois peixes, levantou os olhos ao céu, e abençoou, e partiu os pães, e deu- os aos seus discípulos para que os pusessem diante deles. E repartiu os dois peixes por todos. 42 E todos comeram e ficaram fartos, 43 e levantaram doze cestos cheios de pedaços de pão e de peixe. 44 E os que comeram os pães eram quase cinco mil homens.
O Senhor ordena (Ele é o Senhor!) para os discípulos dividirem a multidão em grupos. Uma certa ordem deve ser estabelecida. Fazer os grupos se sentarem na grama verde. Isso fala de calma, frescor e abundância. Isso lembra do Salmo 23, onde o pastor conduz as ovelhas para pastos verdejantes (Slm 23:2).
O tamanho desses grupos foi considerado uma indicação do tamanho de uma igreja local. Quando uma igreja em um lugar ultrapassa cem pessoas, fica difícil ter algum contato com todas elas. Existe, então, um grande risco de que nem todos recebam os mesmos cuidados e que alguns sejam esquecidos.
Quando o Senhor pega o pão e o peixe, Ele olha para o céu. Tudo o que ele faz está relacionado ao céu, a habitação de seu Pai. Isso determina seus sinais e suas palavras. Aqui Ele conecta o pouco com a plenitude do céu. Então Ele abençoa, ou seja, Ele dá graças a Deus. Ele parte os pães e os peixes, que em suas mãos abençoadas se multiplicam em grandes quantidades, suficientes para todos.
Ele usa os discípulos como mediadores. Assim, Ele transforma o mal (a sugestão de mandar a multidão embora) em bem. Ele quer mostrar para eles que seu amor tem prazer em trabalhar por meio de canais humanos. Só o que fala Dele e o que vem Dele pode se tornar alimento. Se dependermos continuamente Dele, podemos ser uma bênção para outros. Então sabemos que Ele pode usar o pouco que temos para servir aos outros.
A multidão não só tem o que comer, mas o suficiente. Eles podem comer até ficarem satisfeitos. Restam até doze cestos de pedaços. Por meio desse milagre, Ele dá prova de que é o Messias (Slm 132:15).
A abundância nunca leva ao desperdício com o Senhor. Nada é desperdiçado do que Ele deu como bênção. A multidão pode ter o suficiente, mas Ele também tem uma bênção para outros que não têm nada. A abundância atende às necessidades dos outros (cf. 2Cor 8:14). Não é por acaso que sobraram doze cestos cheios. O número doze tem um significado simbólico. Ele aponta para as bênçãos que o Senhor tem para todo o povo de Deus no final dos tempos.
Destes poucos pães e esses poucos peixes pequenos, uma multidão de 5.000 homens comeu. O milagre é inegável. Ele é o Emanuel, Deus conosco (Mat 1:23), Deus que visita o seu povo com bênçãos. Ele traz a casa de seu Pai, onde há pão em abundância (Luc 15:17), para os necessitados.
45 - 52 O Senhor Jesus caminha no mar
45 E logo obrigou os seus discípulos a subir para o barco, e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão. 46 E, tendo-os despedido, foi ao monte para orar. 47 E, sobrevindo a tarde, estava o barco no meio do mar, e ele, sozinho em terra. 48 E, vendo que se fatigavam a remar, porque o vento lhes era contrário, perto da quarta vigília da noite, aproximou-se deles, andando sobre o mar, e queria passar adiante deles, 49 mas, quando eles o viram andar sobre o mar, pensaram que era um fantasma e deram grandes gritos. 50 Porque todos o viram e perturbaram-se; mas logo falou com eles e disse-lhes: Tende bom ânimo, sou eu; não temais. 51 E subiu para o barco para estar com eles, e o vento se aquietou; e, entre si, ficaram muito assombrados e maravilhados, 52 pois não tinham compreendido o milagre dos pães; antes, o seu coração estava endurecido.
Após o milagre da alimentação, o Senhor obriga seus discípulos a entrar no barco e ir para a outra margem. Que Ele deve obrigar Seus discípulos revela que eles não queriam ir embora sem Ele. Por meio disso, eles devem aprender o que significa ser mandado embora por Ele, como Lhe pediram que fizesse em vista da multidão (verso 35).
Chegou a hora de o Senhor mandar a multidão embora. Ele os ensinou pela Palavra e os satisfez com pão. Ele provou ser o Messias, mas eles não o aceitaram. Por isso Ele (figurativamente) coloca o povo de lado por um certo período de tempo. Ele também parece não ter ligação com seus discípulos. Ele os deixa sozinhos. Esta é uma figura do tempo presente, quando Ele não está na terra. Israel é rejeitado por um tempo, e Ele mesmo toma seu lugar nas alturas durante esse tempo para orar pelos Seus.
Durante sua ausência, a noite cai. O barco está no meio do mar e o Senhor está em terra. Ele está longe dos discípulos no barco. Assim também nós estamos na noite do mundo. Os discípulos não O veem, mas Ele os vê. Ele também vê que eles estão em circunstâncias difíceis. Ele os vê se esforçando para lidar com a situação. Depois de orar, Ele vai até eles na hora mais escura da noite. É a quarta vigília – a noite está quase acabando, entre três e seis horas.
O Senhor atravessa o mar enquanto os discípulos lutam uma batalha de vida ou morte. Portanto, Ele está acima de nossas circunstâncias. Ele não precisa lutar contra isso, pois está em completo controle das circunstâncias e elas estão sob Sua autoridade. Essas dificuldades não existem para Ele. Ele as permite na vida deles, para que possam aprender a confiar nEle. O Senhor não resgata imediatamente Seus discípulos dos problemas. Ele quer passar por eles como se não percebesse sua aflição. Ele não vai passar, mas ao se colocar assim, Ele quer ensinar algo para eles.
Quando os discípulos o vêem caminhando no mar, eles pensam que é um fantasma. Eles gritam de medo. Os crentes que são severamente provados às vezes podem perder o Senhor completamente de vista e chegar à conclusão de que estão lidando com o diabo. Quando vemos isso, aqui com os discípulos, não precisamos culpar tais crentes. Ele também não culpa seus discípulos.
Se fosse um fantasma, como eles achavam, estariam lidando com o poder do mal. Eles receberam poder Dele sobre o mal (verso 7). No entanto, eles só podem usar esse poder quando estão em constante dependência do Senhor, e é isso que lhes falta aqui.
Eles O vêem, mas em vez de serem encorajados, eles ficam assustados porque não O reconhecem. Em seguida, Ele abre a boca com palavras de encorajamento, segurança e conforto. Em primeiro lugar, ele não fala “para” eles, mas sim “com” eles. Ele está tão perto deles que não há mais nenhuma distância entre Ele e eles. Ele os encoraja dizendo: “Tende bom ânimo”. Ele garante que é ele. Ele os conforta em seu medo, dizendo-lhes que não tenham medo.
Então Ele sobe no barco com eles. O resultado é que a calma volta. Assim é na vida do crente provado. Quando o Senhor vem ao seu coração, o vento diminui e com Ele o descanso também vem. Essa calma causa grande espanto.
A causa de sua falta de fé e o fato de não conhecerem a Cristo é o coração endurecido. Quem ignora uma obra ou milagre do Senhor endurece o coração. Isso se aplica não apenas aos incrédulos, para os quais é fatal em vista da eternidade (Heb 3:7-15), mas também se aplica aos crentes, para os quais não é fatal em vista da eternidade, mas para os quais tem um efeito limitador na vida de fé na terra. Por isso, a cada lição seguem novas lições. Nunca paramos de aprender a realmente conhecer e confiar no Senhor porque nosso coração fica endurecido tantas vezes.
53 - 56 Curas na Galiléia
53 E, quando já estavam no outro lado, dirigiram-se à terra de Genesaré e ali atracaram. 54 E, saindo eles do barco, logo o reconheceram; 55 e, percorrendo toda a terra em redor, começaram a trazer em leitos, onde quer que sabiam que ele estava, os que se achavam enfermos. 56 E, onde quer que entrava, ou em cidade, ou em aldeias, ou no campo, apresentavam os enfermos nas praças e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos na orla da sua veste, e todos os que lhe tocavam saravam.
O Senhor disse aos discípulos que fossem para a outra margem (verso 45). Alí eles chegam. Eles partiram sem Ele e chegam com Ele. Além disso, eles ficaram mais ricos em uma grande experiência, tanto em termos de sua própria impotência quanto em termos de Sua onipotência e conforto. Eles vêm para a Galiléia, atracam lá e desembarcam. O Senhor é conhecido nesta área. Quando ele saiu do barco, os homens o reconheceram imediatamente. Isso também terá acontecido por meio do testemunho do homem que por ele foi libertado de muitos demônios (Mar 5:20).
A presença do Senhor comove muitas pessoas que estão sofrendo em seu entorno imediato. Os auxiliadores veem onde há necessidade e trazem as pessoas que sofrem até Ele, nas camas. Se quisermos levar as pessoas necessitadas ao Senhor, devemos primeiro colocá-las na cama e depois trazê-las para Ele. Essas pessoas não devem receber um fardo adicional para virem a Ele, pois isso pode ser um obstáculo. É importante que elas sejam trazidas para Ele agora de uma maneira calma. Os auxiliadores não pedem que Ele vá até os necessitados, mas O buscam.
Onde quer que haja pessoas que precisam do Senhor, Ele opera na graça. Ele veio para todos. Não importa se alguém mora em uma cidade grande, em um pequeno vilarejo ou em algum lugar afastado em um pedaço de terra. Ele vai a todos os lugares e é acessível a todos. Certa vez, uma mulher tocou em sua vestimenta e foi curada (Mar 5:28). Agora, muitos vêm com o pedido de permissão para tocá-lo, mesmo que seja apenas a borla de seu vestido. Isso significa que eles estão prontos para se curvar a ele. Essa atitude sempre traz bênçãos. Todos os que O tocarem também serão curados.
Nossa responsabilidade é levar almas ao Senhor. É responsabilidade das almas necessitadas tocá-Lo com fé. Os meios, as camas que usamos irradiam o descanso que essas almas podem obter Dele para suas consciências e suas almas (Mat 11:28-29). Este trecho é uma breve descrição do que acontecerá quando o Senhor retornar à Terra.