Introdução
Ao descrever uma pessoa, podemos fazer isso de diferentes ângulos. Por exemplo, podemos descrever alguém como pai de família. Depois disso, podemos descrever a mesma pessoa como um colega ou vizinho. Vemos desta forma quatro evangelistas – sob a inspiração do Espírito Santo – relatando a vida do Senhor Jesus enquanto ele estava aqui na terra. Nas quatro descrições de vida que temos na Bíblia, Mateus relata em seu Evangelho sobre o Senhor Jesus como Rei, Marcos o apresenta como um servo, Lucas o descreve como o verdadeiro homem e João finalmente escreve sobre Ele como o Filho eterno de Deus.
Os quatro seres viventes no livro do Apocalipse (Apo 4:7)
representam cada um dos quatro Evangelhos. O segundo dos quatro seres vivos é como um bezerro. Este símbolo se encaixa no evangelho que apresenta o Senhor Jesus como um servo. Uma comparação também pode ser feita entre as cores do tabernáculo e os quatro Evangelhos. A cor que se ajusta a este evangelho é a púrpura (Mar 15:17).
O objetivo deste evangelho é olharmos para o Senhor Jesus como Servo. Por isso o pedido “Eis aqui o meu Servo” (Isa 42:1) serve como título deste livro. Quem lê este Evangelho com o desejo de vê-lo como Servo, vai conhecê-lo como aquele que assumiu “a forma de servo” (Flp 2:7) para ser servo eternamente (Luc 12:37).
O objetivo do Evangelho de Marcos
Marcos é um dos quatro evangelistas que dá o relato mais preciso do ministério do Salvador na ordem histórica. Ele O apresenta como o verdadeiro servo (Isa 53:11), em contraste com Israel, que se tornou um servo infiel. Nós O vemos neste Evangelho na forma inferior de um servo (Flp 2:6-8; cf. Êxo 21:6; Luc 12:37; Heb 5:8). Marcos escreve aos cristãos gentios para que aprendam como servir seguindo o verdadeiro Servo.
Em comparação com os outros evangelhos, encontramos poucas palavras do Senhor no evangelho de Marcos – lemos mais sobre sua obra e ministério. Isto está expresso no verso-chave deste Evangelho, que também pode servir de título: “Porque o Filho do Homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Mar 10:45). Este verso também conecta as duas partes deste evangelho. A seção anterior é sobre Seu ministério, a seção seguinte é sobre Ele como o sacrifício, ou seja, como a oferta pelo pecado.
O autor é Marcos
O fato de que João Marcos teve permissão para escrever este Evangelho é uma prova especial da graça de Deus. Como companheiro de Paulo e Barnabé, ele os havia abandonado durante sua primeira viagem missionária na obra do Senhor
(Atos 12:12,25; 13:13). Até se torna a causa de amargura e alienação entre Paulo e Barnabé (Atos 15:37,39). Mas Deus é o Deus da segunda chance. Desta falha ele foi restaurado (Col 4:10; 2Tim 4:11; 1Ped 5:13), de forma que ele, que tinha sido um servo infiel, pôde agora escrever sobre o servo fiel.